Com o software Neuro-MEP.NET e um sistema com 3 ou mais canais, como o Litebox ou o Skybox, você pode agora usar a técnica descrita por Michael Bach, da Universidade de Freiburg, que permite estimar a acuidade visual mesmo em crianças, em adultos incapazes de se comunicar ou com queixa visual não explicada pela investigação estrutural. Nessa página explicamos o método, os cuidados técnicos e a interpretação.
Os 5 fundamentos da técnica
Os potenciais visuais de varredura são analisados como respostas de estado estável.
A versão mais atual da técnica usa 5 características, que já são consideradas pelo software Neuro-MEP.NET:
1) Potenciais de "aparição"
2) Parâmetros de estímulo e registro em condições que captam resposta de "estado estável"
3)Montagem de 3 canais, com análise baseada em referenial Laplaciano
4) Amplitude "real" do sinal avaliada por subtração do ruído estimado pelas frequências vizinhas (estatística de Meigen-Bach)
5) Acuidade estimada com base na regressão à dimensão de padrão que resultaria em amplitude zero.
Ajustes de estimulação
Ajustes com o estimulador visual de alta-resolução.
O estímulo visual é apresentado como "aparição", o que evoca respostas de maior amplitude que a "reversão" entre branco e preto.
Para monitores com taxa de frames de 60Hz, cada ciclo de estímulo exibe o padrão por 2 frames (33ms) e oculta por 6 frames (100ms), o que resulta em uma frequência de estimulação de 7.5Hz.
Atenção também à distância do monitor, que deve ser de 180cm
Se estiver usando o estimulador de alta resolução, escolha -20 no ajuste de contraste (40% de contraste), o que minimiza a geração de potenciais evocados por mudança de luminosidade entre a aparição e desaparecimento mesmo abaixo do limite de acuidade. Esses potenciais gerados por mudança na luminosidade podem contribuir para gerar "entalhes" ao invés de decremento a cada redução nas dimensões de padrão.
Análise de estado estável
Note as 8 "ondas" em cada uma das curvas abaixo, fruto da resposta de estado estável a 8 ciclos de estímulo dentro de cada época
Cada curva é fruto da promediação de 40 épocas de 1066ms e cada época contém 8 períodos de resposta a uma dimensão de padrão (133.33ms ou 8 frames a 60Hz). Note a dimensão angular ao lado de cada curva (desde 22 minutos até 3 minutos de arco)
A amplitude analisada por Fourier na frequência de estimulação (7.5Hz) guarda relação com a acuidade visual. Note no gráfico também a segunda harmônica de 7.5hz (15hz).
Referencial Laplaciano
São usados 3 canais e calculado o sinal em Oz com referencial Laplaciano
São captados 3 canais com referência em Fz: O1, Oz e O2.
A análise de Fourier é feita sobre o sinal de Oz referenciado pela média dos adjacentes O1 e O2, o chamado referencial Laplaciano, que permite obter relação sinal/ruído melhor que o referencial original em Fz.
O nível de ruído é estimado por estatística descrita por Meigen e Back
Amplitude usada na análise é corrigida com base no nível de ruído estimado.
A amplitude usada para estimar a acuidade visual é corrigida por subtração do nível de ruído, que é estimado com base na amplitude de resposta às frequências adjacentes de 6.5Hz e 8.5Hz, conforme método descrito por Meigen e Back em 1999.
A acuidade é estimada com base em regressão à dimensão que produzirá amplitude zero
Gráfico de amplitudes em função da dimensão do padrão em cpd em escala logarítmica.
A acuidade visual é considerada normal quando se é capaz de discriminar 1 minuto de arco do campo visual, o que corresponde ao escore 20/20 na antiga escala de Snellen, ao escore 0 na escala logMAR (logaritmo do mínimo ângulo de resolução) ou a uma "frequência espacial" de 30 ciclos por grau (pois 30 ciclos branco-preto correspondem a 60 divisões de 1 minuto dentro de 1 grau de arco)
Para projetar a dimensão de padrão que resultará em amplitude zero, é preciso escolher 3 pontos, a partir da resposta de menor amplitude, evitando-se entalhe e incluindo a resposta de maior amplitude.
Precisão da estimativa de acuidade
Correlação com estimativa comportamental da acuidade visual.
Em publicação de 2020 de Bach, que aplicou o método a 144 pacientes, a estimativa em 95% dos pacientes ficou a menos de 0.31 logMAR da estimativa comportamental de acuidade e em apenas 6% a análise não permitiu estimar a acuidade.
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